Muitas pessoas que acusam os outros de donos da verdade se comportam como donos da verdade quando acham que mudar significa apenas agradar aos outros, E se convencem de que não devem ou não podem mudar seu comportamento apenas para não admitirem que estão mudando por causa do que os outros pensam. E aqui cabe a indagação: mudar para agradar aos outros está certo ou errado?
Mil caras ou cara nenhuma
Ora, o ser humano é um animal social. Ele interage o tempo inteiro com outras pessoas, Não deve, evidentemente, perder a personalidade nem se transformar em maria vai com as outras. Se agir assim vai se transformar apenas numa pessoa volúvel, que reage de formas diferentes dependendo de cada situação e de cada pessoa com quem esteja convivendo.
Com isso, se tornaria uma pessoa sem personalidade e hipócrita. Não seria ela mesma, mas sim várias personalidades diferentes numa só. Ou seja: na verdade seria alguém sem personalidade nenhuma.
Defeitos e qualidades na multidão
Mas todas as pessoas têm qualidades e defeitos. Não existe uma só pessoa no mundo que tenha apenas qualidades e apenas defeitos. O que podemos encontrar são pessoas que, no nosso ponto de vista, têm muito mais defeitos do que qualidades. Ou até ver nelas apenas defeitos. Essas são as pessoas de quem não gostamos. Por quem temos antipatia ou até aversão. Poderíamos nos ver tentados a indagar a elas: mudar para agradar aos outros está certo ou errado?
E existem também aquelas que, na nossa percepção, só têm qualidades. Elas têm defeitos também. Mas muitas vezes não enxergamos ou não queremos admitir. Essas são as pessoas cuja companhia nos agrada e das quais costumamos gostar muito.
Diante dos espelhos
Mas, da mesma forma em que a nossa percepção falha em relação a outras pessoas, pode falhar também em relação a nós mesmos. Isso mesmo: podemos enxergar em nós mais qualidades do que defeitos. Ou, ao contrário, um monte de defeitos e quase nenhuma, ou nenhuma qualidade.
Isso tudo tem influência na forma como nos sentimos. Se enxergamos em nós um monte de defeitos e praticamente nenhuma qualidade, tornamo-nos inseguros e às vezes até deprimidos.
E se enxergamos apenas qualidades podemos nos tornar pessoas de ótimo astral, alegres, produtivas e seguras. Mas também podemos acabar sendo também arrogantes. Por isso temos que ter também cuidado com nós mesmos.
Donos de qual verdade?
Dá para perceber aqui o quanto a nossa percepção pode falhar. E o quanto ela não pode ser encarada como uma percepção de precisão aritmética. Exatamente por isso não somos os donos da verdade. Ninguém é.
Algumas pessoas têm a percepção mais aguçada. Outras, menos, obviamente. E isso também varia em relação aos outros, ou a nós mesmos. Muitas vezes somos extremamente rigorosos em relação aos outros e extremamente flexíveis em relação a nós mesmos. E também pode ocorrer o contrário.
Mudar para agradar aos outros está certo ou errado?
O que significa a sociabilidade? Significa que, se nos tornamos isolados, ou seja, pessoas com as quais os outros – de um modo geral – não gostam de conviver, e se isso de nos isolarmos não nos agrada, então devemos refletir sobre como nós somos. E evidentemente, para isso, é preciso tentarmos detectar o que nos afasta das pessoas.
Então, temos duas opções: ou continuamos isolados. Ou optamos por mudar para nos tornarmos mais sociáveis.
Então, não estaremos mudando em função dos outros, mas em função de nós mesmos. Porque, evidentemente, se essa condição de isolamento está nos entristecendo, nos fazendo mal ou nos deixando deprimidos, estamos fazendo um mal a nós mesmos. E está aí a oportunidade de detectarmos em que ponto devemos mudar.
Mas, como já frisamos, somos animais sociais, e a relação com os outros têm que pesar nessa avaliação. É por isso que muitas vezes nos indagamos: mudar para agradar aos outros está certo ou errado?
Falsos ou verdadeiros?
Não devemos, porém, nos iludir com as pessoas que vivem cercadas daquilo que elas chamam de amigos. Porque existem dois tipos de amigos: os falsos e os verdadeiros. E a pessoa pode estar cercada de amigos por ter muitas qualidades. Ou estar cercada de amigos que, por algum motivo, têm interesse nela. E o tipo de interesse também varia. Pode ser meramente sexual, caso em que as relações se tornam efêmeras. São os casos em que a convivência dura pouco e, de repente, a companhia desaparece de nossa vida, sem dar nenhuma satisfação ou sem motivo aparente.
Se for por interesse financeiro, esse desaparecimento pode ser menos frequente. A pessoa pode até desaparecer, se o motivo do interesse – o financeiro – também desaparecer.
Quem está à venda?
Alguém que se junta a alguém porque esse alguém tem dinheiro, evidentemente, tende a desaparecer se essa pessoa, por algum motivo, tiver uma brusca queda de renda ou mesmo chegar a ficar pobre.
É por isso que Nélson Rodrigues, o escritor, jornalista e dramaturgo e grande conhecedor da alma humana, dizia ironicamente que “o dinheiro compra até o amor verdadeiro”. Verdadeiro, entre aspas, enquanto a grana estiver presente na relação.
Observe
Veja como a personalidade humana tem muitas nuances e facetas. Não se iluda: não existem duas pessoas exatamente iguais no mundo. E, se você quiser ser um animal social, observe muito os outros e observe a si mesmo. Observe aquilo que você atrai e aquilo que eventualmente faz com que as pessoas se afastem de você.
Pode ser que você precise até de ajuda para fazer essa avaliação. Inclusive ajuda especializada, de um psicólogo ou de um psicoterapeuta, se for o caso. Mas avalie bem.
Só assim você aprenderá a mudar em função de si mesmo, e não em função dos outros. E poderá responder a si mesmo(a): mudar para agradar aos outros está certo ou errado?
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