Logo de início eu devo avisar que, obviamente, não estou me referindo aqui ao caso da acusação, ainda não julgado, contra o jogador Neymar. Sei que essa confusão pode ocorrer devido à repercussão do chamado caso Neymar, sobre o qual farei algumas observações no final deste artigo/vídeo. O que estou fazendo é mostrar quando um estuprador se torna assassino.
Estou me referindo aqui ao caso (verídico) da jovem holandesa de apenas 17 anos, Noa Pothoven, que decidiu pôr fim à própria vida, depois de ser abusada sexualmente desde os onze anos de idade.
Como classificar crimes como esses de falsos homens? Comportamentos desprezíveis, certamente.
Quando um estuprador se torna assassino
A jovem Noa sofreu um drama que é vivido diariamente por muitas crianças e jovens brasileiras, traumatizadas pela brutalidade de homens que, de forma direta ou indireta, tornam-se assassinos de sua própria vítima.
Noa nasceu e viveu na Holanda, país que permite a eutanásia. Ou seja: país cujas leis permitem que a pessoa se mate sem que isso seja considerado um crime contra a própria vida.
A eutanásia dessa jovem holandesa foi autorizada legalmente depois de as autoridades concluírem que o seu sofrimento passou a ser insuportável em razão do stress pós-traumático, da depressão e da anorexia que ela passou a sofrer após ter sido vítima de abusos sexuais por diversas vezes, desde quando era uma criança de 11 anos.
Tragédia que ninguém pode esquecer
A tragédia de Noa, que morreu em sua casa, rodeada da família, com o auxílio de uma clínica especializada em eutanásia, é excessivamente forte e brutal. E não pode ser esquecida, muito menos deixada de lado.
Não gosto de incluir casos trágicos como este num site que tem como lema sexualidade, comportamento e relacionamento em alto nível.
Mas esse terrível fato real serve de alerta contra uma lamentável realidade que, infelizmente, como já ressaltamos, faz parte do triste cotidiano de tantas jovens e mesmo de crianças que são abusadas muitas vezes pelos próprios pais e outros parentes dentro de casa. Isto sem contar os estranhos que cometem o mesmo crime. E isso demonstra, indubitavelmente, quando um estuprador se torna assassino.
Falsos homens
Noa resolveu tirar a própria vida, mas seus verdadeiros assassinos são os que abusaram dela, de sua inocência e de sua condição de pessoa indefesa diante da brutalidade de covardes que se acham homens mas que não passam de assassinos desprezíveis.
Como muitas jovens brasileiras vítimas do mesmo crime, a jovem holandesa tentou se livrar do trauma, mas não conseguiu.
Esperamos, sinceramente, que as jovens brasileiras que sofreram abusos sexuais jamais façam a escolha de tirarem a própria vida, num país como o Brasil, onde a eutanásia não é admitida legalmente. Mas onde muitas vítimas podem chegar à conclusão a que chegou Noa, de que não tinha qualquer significado continuar viva.
Quando uma tragédia tem que servir de alerta
Divulgamos esse caso trágico num canal que representa um site que sempre prega a sexualidade sadia, saudável e feliz, para alertar quanto à necessidade de se dar um tratamento mais adequado à educação sexual, a políticas preventivas contra a violência sexual e à necessidade de se encarar com mais seriedade uma questão que, apesar de extrema gravidade, passou muitas vezes a ser uma ocorrência corriqueira em grande parte das cidades brasileiras.
Os grandes riscos do pré-julgamento
Esse alerta chega agora ao caso Neymar, onde tantas pessoas passam a opinar mesmo antes de as investigações e o consequente julgamento terem ocorrido.
São manifestações que possuem dois viés bem distintos: de um lado, o machismo exacerbado, que sempre enxerga a vítima como culpada pelo abuso que teria sofrido. E de outro a do feminismo também tantas vezes exacerbado, que coloca-se incondicionalmente ao lado da ainda suposta vítima, sem que, como já frisamos, o caso tenha sido totalmente apurado e julgado.
É preciso apurar sem pré-julgar
Nenhum dos dois procedimentos serve de ajuda para a causa maior, que é de, justamente, combater essa monstruosidade representada pela violência sexual.
Isto porque, mediante tais atitudes, comete-se o pré-julgamento, também tristemente comum no Brasil, não só em crimes dessa natureza como também em outras esferas da ordem jurídica.
Comprovada a autoria, o estuprador, evidentemente, tem que ser trancafiado para que lhe seja imposta a pena justa pelo crime cometido.
O pré-julgamento, nestes casos, é igualmente condenável. Ele tem como consequência outras tragédias, como os frequentes casos de linchamento de pessoas inocentes.
Se culpadas, devem ir para a cadeia, e não executadas em praça pública por turbas enlouquecidas, compostas por quem acaba, também, se tornando assassino querendo praticar a injustificável justiça com as próprias mãos, que está muito longe de poder ser chamada de justiça nas sociedades civilizadas.
Ninguém é culpado antes de julgado
Também a premissa de que a mulher foi vítima sem que os fatos sejam devidamente apurados e julgados não contribui para a causa que as feministas defendem. Muito pelo contrário. É preciso ter absoluta certeza de quando um estuprador se torna assassino. De vidas ou de mentes.
Se a suposta vítima agiu de má fé, com o intuito de extorsão, por exemplo (e não estamos aqui dizendo precipitadamente que este é o caso do episódio envolvendo o jogador brasileiro) igualmente essa suposta vítima agiu contra a causa das mulheres, dando margem aos desonestos e mal intencionados para reforçarem a tese machista cuja tendência é a de sempre culpar a vítima.
Amor com afeto é o que vale
Desculpem-me, mais uma vez, abordar um caso dessa natureza, que faz parte das manchetes policiais e tem desdobramentos muitas vezes políticos. Tanto o canal como o site Recado Secreto têm como objetivo abordar sexualidade, comportamento e relacionamento em alto nível. Sempre ressaltando, como também já frisamos, que as relações entre as pessoas devem se dar de forma civilizada.
O amor, infelizmente, tem sido desvirtuado num mundo tão violento e de tantas injustiças. Existem até hoje países de cultura abertamente machista, onde as mulheres chegam a ser assassinadas após terem sido violentadas pelos que também se acham donos de uma suposta justiça.
No Brasil, infelizmente, o machismo, que se tenta disfarçar a todo instante, também ainda é uma infeliz realidade. E para darmos fim a essa triste realidade é preciso nos munirmos de imparcialidade e evitar pré-julgamentos, que podem ser igualmente danosos para ambas as partes envolvidas.
Sobre o Autor
0 Comentários