Nélson Rodrigues, um irônico conhecedor da alma brasileira, dizia que “o dinheiro compra até o amor verdadeiro”. Eis uma forma, sem dúvida, que nos leva a refletir sobre a questão de como conciliar amor e dinheiro na sua relação amorosa.
Esse jornalista, dramaturgo e escritor brasileiro, notabilizado pela acidez de suas frases sobre amor e paixão, nasceu em 1912 e morreu em 1980.
Era uma época – portanto – em que as relações em sociedade eram bem diferentes das atuais.
Amor e dinheiro na relação amorosa nos tempos antigos
Estamos nos referindo, portanto, a uma época em que não havia internet nem toda essa febre das trocas on-line, é óbvio.
O amor no portão de casa ainda era uma realidade, bem como acompanhar a irmã na ida com o namoradinho à praça da cidade.
A grande questão é indagar se a ironia de Nélson Rodrigues está ultrapassada ou apenas agravou-se, numa época em que as relações pessoais estão cada vez mais individualizadas.
Muitas interpretações para uma mesma frase
A frase do dramaturgo e escritor pode gerar várias interpretações. Mas, certamente, a leitura predominante é a de que passa a parecer verdadeiro algo que é produto apenas da ambição, do consumismo e da necessidade de status do ser humano.
Amor e dinheiro parecem incompatíveis porque a sociedade aprendeu a encarar o amor como algo sagrado, enquanto o dinheiro, embora necessário para a sobrevivência, é, muitas vezes, tido como algo sujo e, portanto, irremediavelmente dissociado do amor.
Tudo depende de como conciliar amor e dinheiro na relação amorosa
Temos aqui um tema que resultaria em dezenas ou até em centenas de páginas de reflexão. O dinheiro assume dimensão negativa visto isoladamente, em razão de nunca se atentar para um aspecto indispensável: tudo depende do uso que se faz dele.
Costumamos, em nossos escritos, comparar o dinheiro com uma faca, que tanto serve para passar a manteiga no pão como para matar uma pessoa.
A faca, em si, assume (como o dinheiro) o sentido que lhe dá o uso que se faz dela. E, no mundo marcado pelo consumismo, o dinheiro tanto se torna mais indispensável como, paradoxalmente, mais associado ao seu lado negativo.
A coisa mais importante do mundo?
Oscar Wilde, escritor irlandês que viveu de 1854 a 1900 – muito antes, portanto, de Nelson Rodrigues – teria dito, já àquela época: “Quando eu era jovem, pensava que o dinheiro era a coisa mais importante do mundo. Hoje, tenho certeza.”
Não vamos aqui analisar as muitas interpretações que se dá ao dinheiro e ao uso que se faz dele. Esse lado da questão fica a encargo das análises econômicas. E esse não é o caso, aqui, no Recado Secreto.
Mas seríamos hipócritas se disséssemos que o dinheiro não tem nenhuma influência nas relações humanas. E, particularmente, nas relações amorosas.
Você sabe o que fazer com o dinheiro?
Esse lado da questão pode estar representado por outra frase, desta vez atribuída ao escritor brasileiro Machado de Assis (1839/1908) “O dinheiro não traz felicidade — para quem não sabe o que fazer com ele.”
Poderíamos, parafraseando Machado, dizer que o dinheiro não traz felicidade para o casal que não sabe o que fazer com ele. Ou ainda, fazendo analogia com a faca: tudo depende do uso que o casal faz do dinheiro.
Como conciliar amor e dinheiro na relação
Numa relação egoística, o dinheiro pode se transformar em algo profundamente negativo. Não é à toa que os conflitos provocados pelo dinheiro são apontados entre as principais causas de separações conjugais.
Egoísmo e consumismo exagerado geram conflitos
Os conflitos marcados pelo egoísmo são, predominantemente, provocados pelo consumismo exagerado e compulsivo, caracterizado pela aquisição de bens acima da capacidade de pagamento.
Existem, ainda, pessoas que, numa relação conjugal, não compartilham informações sobre o uso e a administração do dinheiro, ocultando dívidas às vezes impagáveis.
Ou que, para que sejam sanadas, acabam gerando comportamentos indignos ou comprometedores na busca pelos recursos indispensáveis à quitação dessas dívidas.
Compartilhar conhecimento revela como conciliar amor e dinheiro
Há, em contrapartida, casais que compartilham conhecimentos e procedimentos na administração das finanças. E que envolvem, inclusive, os filhos, nesse aprendizado. Disso, normalmente, resulta harmonia na relação.
Relações exclusivamente impulsionadas pelo interesse financeiro, no entanto, raramente resultam em serenidade e entendimento.
E, nesses casos, as consequências, tantas vezes nefastas, não se resumem ao dinheiro nas relações conjugais, mas também entre parentes e supostos parceiros ou amigos.
Dinheiro usado com inteligência é o segredo do equilíbrio
Encarando sob outro prisma, em que não estejam presentes comportamentos egoísticos ou exclusivamente interesseiros, o casal que detém ou que assegura recursos financeiros para manter uma vida confortável certamente faz prevalecer na relação muito maior dose de bom humor e de satisfação.
E isso, não podemos duvidar, contribui consideravelmente para assegurar maior felicidade na relação conjugal.
Como você encara o valor do dinheiro é o que importa
Novamente vamos ter que dizer que seria hipocrisia não reconhecer isso, o que não significa dizer que casais pobres não possam ser felizes.
Tudo depende do equilíbrio entre amor e dinheiro. E de inúmeros outros fatores, como tudo na vida.
E ainda do fato de as pessoas terem visões diferentes quanto ao valor do dinheiro.
Para algumas pessoas, pouco dinheiro é necessário. Seria indispensável apenas para a subsistência, um pouco de lazer e, obviamente, para manter a saúde.
E isso depende mais de uma boa alimentação do que dos remédios.
Remédios, por sinal, que, muitas vezes (é bom lembrar), cuidam de um determinado mal e provocam outros.
Quando o dinheiro nunca é suficiente não adianta ter muito
Nessa questão sobre a visão em relação ao valor do dinheiro, não podemos esquecer que existem pessoas que, quanto mais têm, mais querem.
Ou seja: têm tanto dinheiro que não conseguem sequer encontrar como usar tanto dinheiro. E o supérfluo passa a fazer parte do dia a dia, ou de toda hora.
E existem também as pessoas que dão a impressão de que acumulam o dinheiro como se fossem levar com elas depois que morrerem.
A irracionalidade é amiga de atitudes ridículas
Já foi noticiado o caso de um bilionário que construiu seu túmulo deixando um lugar reservado para levar com ele parte dessa fortuna após a morte.
Gasto inútil e até ridículo, não é mesmo? Mas, também, uma evidência de o quanto o dinheiro tanto pode levar a uma visão saudável quanto a uma visão doentia.
Na conclusão, diga aí o que você acha de tudo isso
Mais uma vez, teríamos que dispor de espaço incalculável para uma análise mais profunda desse tema.
Trata-se, como fica evidente, de assunto por demais complexo, razão pela qual poderemos voltar ao intrincado universo do amor e dinheiro numa próxima abordagem, caso você ache interessante.
Se assim for, deixe aí embaixo o seu comentário. E também o que você achou deste tema.
Enquanto reflete sobre isso tudo, ame de verdade.
Porque, se houver amor, haverá mais harmonia na busca pelo dinheiro.
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