Este certamente é o artigo mais polêmico e que provocará mais reações entre todos os que publicamos até agora. O título não é uma mera conclusão do Autor, mas sim o resultado de opiniões de estudiosos do assunto e até de experimentos científicos, como veremos adiante. Portanto, homofóbicos que venham a ler, leiam antes de xingarem a mãe do Autor.
O texto vem a propósito de recente episódio em que um jovem homossexual foi assassinado com requintes de crueldade em Goiás. Atribuiu-se o assassinato a um suposto ato de homofobia, tal o ódio que o assassino deixou transparecer pela forma como atacou a vítima.
Poucos dias depois foi preso um rapaz que confessou a autoria do crime. Negou que tenha sido um ato homofóbico (o que não significa que não tenha sido) e relatou que manteve relações sexuais com a vítima pouco antes do crime e decidiu praticar o ato de brutalidade quando lhe foi proposta a inversão de papeis.
Eis aí a primeira questão que precisa ser esclarecida. Por machismo, ignorância ou desinformação, há muita gente que imagina que o homossexualismo se dá apenas quando o parceiro (ou parceira, no caso das homossexuais) está em posição passiva.
O homossexualismo é definido como a atração ou a prática do ato sexual entre pessoas do mesmo sexo, ou seja, estando em posição ativa ou passiva, caracteriza-se o parceiro ou a parceira como praticante de um ato homossexual. Quem pretensamente assume a postura de “macho” (no caso dos homens) por estar praticando sexo com outro homem na posição ativa pode, portanto, tirar o cavalinho da chuva: é homossexual do mesmo jeito.
Há experimentos, conforme frisamos de início, que comprovam a teoria de que homofóbicos são comumente homossexuais que refletem no seu comportamento uma reação à sua própria condição não assumida de homossexuais.
Em edição digital, a revista HypeSciense divulgou estudo sugerindo “autorreflexão” entre os que demonstram hostilidade aos homossexuais: “Esse estudo mostra que, se você está sentindo o tipo de reação visceral contra outro grupo, você deveria se perguntar ‘porque?”, afirma um dos autores do estudo, Richard Ryan. “Algumas vezes, as pessoas são hostis com os gays e lésbicas porque têm medo dos próprios impulsos e podem não aceitar os outros porque não conseguem aceitar a si mesmos”.
Uma das pesquisas mais curiosas foi divulgada pela revista Superinteressante, em matéria sob o título Homeofobia é coisa de veado, edição de 29 de abril de 2013.
Foi realizada pelo laboratório do departamento de psicologia da Universidade da Georgia, no sul dos Estados Unidos, em 1996, com 64 homens, com idade média de 20 anos, que se declararam heterossexuais e que foram divididos em dois grupos. O primeiro era o dos “homofóbicos”: pessoas que tinham respondido afirmativamente, em sua maioria, a perguntas como “sente-se desconfortável trabalhando ao lado de homossexuais?”, “ficaria nervoso num grupo de homossexuais?”, e “se um membro do gênero masculino se insinuasse para você, ficaria furioso?”. O segundo grupo era o dos não-homofóbicos, que haviam respondido às mesmas perguntas, em sua grande maioria, com um decidido “não”.
Esses rapazes foram levados pelos cientistas a uma sala com luz baixa, onde foram submetidos a um instrumento chamado de pletismógrafo, que consiste numa argola de borracha recheada de mercúrio líquido, com o objetivo de medir a reação corpórea dos examinados de modo a mensurar o grau de ereção.
Relata a revista, em matéria assinada por Denis Russo Burgierman: “Com o pletismógrafo instalado, todos assistiam a três filmes pornôs, cada um com quatro minutos de duração. O primeiro filme mostrava uma cena de sexo entre um homem e uma mulher, o segundo entre duas mulheres, e o terceiro entre dois homens. O resultado foi claro. Todo mundo registrou crescimento da circunferência de seus amiguinhos quando via o fuzuê entre homem e mulher ou entre mulher e mulher. Mas, quando o chamego era entre homem e homem, os homofóbicos registraram um aumento peniano quatro vezes maior que os não-homofóbicos. Mais da metade dos homofóbicos fica animadinha quando vê dois homens transando, contra menos de um quarto dos não-homofóbicos.”
E prossegue o relato:
“Aí os cientistas perguntavam a cada um se eles tinham tido ereção. Os homofóbicos que o pletismógrafo flagrou olhavam para os pesquisadores e respondiam, convictos: ‘não’.
“Para resumir: homofóbicos, que são pessoas que sentem grande desconforto quando pensam em homossexualidade, frequentemente são homossexuais reprimindo suas próprias tendências biológicas. A pesquisa não foi contestada em 17 anos e suas conclusões foram reforçadas por outro teste mais preciso, realizado na Inglaterra no ano passado (2012), com imagens cerebrais de homofóbicos.”
A reportagem não demonstra radicalismo contra os homofóbicos: “Claro que nem todos os homofóbicos são gays: pode ser cultural ou simplesmente uma dificuldade de lidar com o diferente. Mas pessoas que nascem gays em ambientes repressivos muitas vezes aprendem a suprimir a homossexualidade e sentem raiva dela. Essa autorraiva acaba projetada para fora, contra aquilo que parece com o que se odeia em si próprio. É como escreveu o psicanalista ítalo-brasileiro Contardo Calligaris em sua coluna na Folha de S.Paulo: “Quando reações são excessivas e difíceis de serem justificadas, é porque emanam de um conflito interno”.
Como a questão homofóbica vem ganhando espaço nos veículos de comunicação em razão de muitos crimes e do discurso raivoso de um pastor evangélico (que já teria inclusive pregado a eliminação de homossexuais, segundo o noticiário), vale lembrar que o também pastor evangélico Caio Fábio concorda que a homofobia é reação dos enrustidos. Pode ocorrer também – observa ele – quando a pessoa descobre que o irmão ou pai é gay. Seria uma reação raivosa a essa descoberta.
Obviamente que é necessário evitar os exageros de julgamento. Há pessoas que reprovam comportamento de homossexuais que se acariciam ou se beijam ostensivamente em ambientes públicos. Mas é preciso levar em conta que essa reação não se restringe à atitude de homossexuais. Casais heterossexuais exibicionistas também chegam a incomodar quando extrapolam em manifestações públicas de excessiva intimidade.
Em relação especificamente aos homossexuais, com base em todos os estudos realizados, seria aceitável concluir que as pessoas que estão em paz com sua própria sexualidade não se incomodam com a sexualidade dos outros. No máximo, podem se incomodar com o excesso de exibicionismo, mas isso acontece até quando a questão da sexualidade não está presente.
No mais, é preciso que os homofóbicos entendam que o objetivo das leis é fazer as pessoas encararem a homossexualidade como uma condição individual, mas não obrigatória. Pode ser que assim eles se acalmem.
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