O casamento, uma instituição milenar presente em todas as culturas e sociedades, tem enfrentado desafios globais nas últimas décadas. Dados recentes comprovam os graus de declínio, estabilidade e ascensão do casamento no mundo.
É lógico que isso depende de cada país, pois a situação é diferente ao redor do mundo, por inúmeras razões.
Em primeiro lugar, cabe enfatizar que, em um mundo em constante transformação, o casamento reflete as mudanças em vários cenários de cada região.
Explicamos a seguir quais são, afinal, os contextos em que o casamento está em declínio, estável ou em ascensão.
Declínio acentuado em alguns países
Nos países desenvolvidos, o casamento tem experimentado um expressivo declínio.
Exemplos notáveis incluem os Estados Unidos, Japão, Alemanha e Suécia.
Nos EUA, a taxa de casamentos caiu drasticamente desde meados do século XX.
Dados recentes mostram que a proporção de adultos casados caiu de cerca de 72% na década de 1960 para menos de 50% em 2022.
Além disso, a idade média do primeiro casamento aumentou: atualmente, as mulheres se casam aos 28 anos e os homens aos 30, em média.
Os motivos incluem:
Independência financeira: A maior participação das mulheres no mercado de trabalho diminuiu a dependência financeira que antes sustentava muitos casamentos.
Mudanças culturais: A crescente aceitação de relacionamentos não convencionais e o aumento da coabitação sem casamento reduzem a pressão social para formalizar uniões.
Educação superior: Estudos mostram que pessoas com maior escolaridade tendem a postergar o casamento.
Casamento no Japão
A instituição do casamento está profundamente afetada no Japão, por questões econômicas e culturais.
A taxa de casamentos caiu para níveis históricos, com mais de 25% da população de 30 a 34 anos permanecendo solteira. Motivos incluem:
Pressão econômica: A instabilidade no mercado de trabalho e os custos elevados de criar filhos desestimulam o casamento.
Mudança de prioridades: Jovens japoneses priorizam a carreira e o lazer, adiando ou evitando o matrimônio.
Situação do casamento na Europa Ocidental
Na Alemanha e na Suécia, o casamento está perdendo relevância cultural.
O aumento da coabitação, a aceitação de famílias monoparentais e a secularização das sociedades são fatores determinantes.
A União Europeia como um todo apresenta uma taxa média de casamento de apenas 4,2 casamentos por 1.000 habitantes, segundo dados de 2021.
Estabilidade em países de cultura tradicional
Em contraste com os cenários vistos até aqui, países em regiões como o Oriente Médio e a África Subsaariana mantêm taxas de casamento relativamente altas, embora mudanças graduais estejam em curso.
Na Índia, cuja sociedade é dividida em castas, o casamento permanece central na estrutura social.
Aproximadamente 90% das pessoas ainda se casam, muitas vezes por meio de uniões arranjadas.
A seguir, abordaremos alguns motivos que geram essa estabilidade.
Valores culturais e religiosos: O casamento é visto como um dever sagrado.
Pressão familiar: As famílias desempenham um papel significativo na escolha de parceiros.
No entanto, a modernização tem introduzido novas dinâmicas, com jovens nas cidades grandes questionando o modelo tradicional de casamentos arranjados.
A África Subsaariana,por sua vez, também mantém altas taxas de casamento.
Países como Nigéria e Etiópia ainda veem o matrimônio como fundamental para a estrutura social e econômica.
A poligamia, em algumas regiões, também contribui para a alta prevalência de uniões formais.
Ascensão prevalece em países emergentes
Em algumas economias emergentes, a instituição do casamento tem mostrado um leve aumento, motivado por razões econômicas, sociais e políticas.
Sendo assim, embora o casamento esteja em declínio em áreas urbanas da China, há esforços governamentais para promovê-lo.
O governo oferece incentivos, como subsídios financeiros e políticas habitacionais, para estimular casamentos e aumentar a taxa de natalidade.
Países do Sudeste Asiático
Na Indonésia e nas Filipinas, o casamento continua sendo popular e estável.
Fatores religiosos, especialmente o Islã e o Cristianismo, têm um papel importante no fortalecimento dessa instituição.
Em algumas áreas, há até um aumento no número de casamentos devido a políticas que incentivam a união precoce.
O cenário no Brasil
Como vimos em postagem anterior, no Brasil o casamento tem passado por transformações significativas, refletindo tendências globais, mas com características locais.
De acordo com o IBGE, o número de casamentos formais caiu mais de 30% entre 2010 e 2022.
Em 2022, o país registrou cerca de 700 mil casamentos, muito abaixo do pico de 1,1 milhão em 2010.
Entre os motivos está o aumento do número de uniões estáveis, previstas em lei.
Muitas pessoas optam por morar juntas sem oficializar a relação.
Contratos de união estável são feitos em Cartório por pessoas que passam a morar sob o mesmo teto, estabelecendo as condições dessa união.
Além disso, a sociedade brasileira está mais aberta a diferentes arranjos familiares, incluindo famílias monoparentais e uniões homoafetivas.
É lógico que setores mais conservadores, muitas vezes, reagem a essas modalidades de união.
No entanto, há um grande número de pessoas que defendem essas novas modalidades de união, que, por isso mesmo, tornam-se frequentes.
Pesquisas apontam, ainda, para alguns fatores que estariam dificultando os casamentos, como seus custos elevados.
Casar formalmente, argumenta-se, tornou-se caro, especialmente em tempos de crise econômica.
Aumento de divórcios
Outro fator relevante é o crescimento no número de divórcios.
A mesma pesquisa do IBGE revelou que os divórcios no Brasil mais que dobraram nas últimas duas décadas.
A maior facilidade para obter o divórcio e a diminuição do estigma social são fatores que explicam essa tendência.
Casamento homoafetivo
Desde 2013, quando o Conselho Nacional de Justiça regulamentou o casamento entre pessoas do mesmo sexo, houve um aumento significativo no número de uniões homoafetivas.
Em 2022, esses casamentos representaram cerca de 2% do total, mostrando a evolução no reconhecimento de novos modelos familiares.
A religião, não se pode esquecer, ainda desempenha um papel central na vida de muitos brasileiros.
Apesar do crescimento do número de pessoas sem religião, o casamento religioso continua sendo visto como importante, especialmente entre católicos e evangélicos.
O casamento é uma instituição em mutação permanente
O casamento, como instituição, está longe de ser uniforme em sua evolução.
Em países desenvolvidos, como se verificou, ele enfrenta declínio por conta de mudanças culturais e econômicas.
No entanto, em países tradicionais mantém-se estável devido a fatores culturais e religiosos.
Já em economias emergentes, as políticas públicas têm desempenhado um papel crucial no estímulo a essa instituição.
Como já frisamos aqui e em artigo anterior, no Brasil o casamento passa por mudanças, mas não está desaparecendo.
Em vez disso, adapta-se às novas realidades econômicas, culturais e sociais.
Com as mudanças demográficas e o surgimento de novas formas de relacionamento, o casamento continua a ser uma peça central na complexa tapeçaria das relações humanas, mesmo que sua forma e significado variem amplamente ao redor do mundo.
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